quinta-feira, 22 de outubro de 2009

De Metrópolis a Blade Runner.


  • Cerca de sessenta anos separam estes Épicos de nossa Cultura. Em ambos, há um contexto no qual as máquinas se humanizam, enquanto os seres humanos se mecanizam.
  • Em “Metrópolis”, um robô adquire sentimentos; já em “Blade Runner”, humanóides criados em laboratório para servirem de mão de obra em outros planetas, buscam os caminhos da longevidade aqui na Terra e, no processo, se humanizam.
  • Em ambos, aqueles que representam os humanos mais parecem máquinas a serviço de um Sistema no qual não passam de meras engrenagens.
  • Decorridos praticamente 90 anos do lançamento de “Metrópolis” e cerca de três décadas de “Blade Runner”, os ambientes que ocupamos muito se assemelham aos expostos no primeiro, enquanto que a tecnologia à nossa disposição é parecida com a utilizada no segundo.
  • Como protagonizado nos dois, uma maioria parece largada ao acaso, enquanto aqueles que ocupam o topo da pirâmide de nossa sociedade habitam condomínios fechados e centros igualmente fechados, seja de prestação de serviços ou de compras e lazer, cercados pela segurança e tecnologia de ponta, evidentemente estruturadas em cima dos recursos que, ao menos em parte, seriam dessa grande maioria aparentemente largada ao acaso.
  • Quanto à tecnologia expressa em “Blade Runner”, tal como no filme, em nossa sociedade ela se democratizou. Em um mundo cindido, onde ao mesmo tempo em que se tem altíssima tecnologia, com a qual, por exemplo, com o alcance de nossos dedos podemos imediatamente nos comunicar com outra pessoa localizada em qualquer lugar do planeta, ou até fora dele, por outro lado não se consegue democratizar na mesma proporção o bem estar social que essa tecnologia poderia ajudar a propiciar.
  • Em relação à teoria psicanalítica, os dois filmes poderiam ser analisados e interpretados levando-se em conta o ponto de vista Narcísico ou ainda a degradação humana dado a lógica psicótica ou perversa de um avanço tecnológico desenfreado e sem controle.
  • Porém o que mais me chamou a atenção foi o tempo que separa os dois filmes, que se mistura com meu tempo psíquico envolvido em minha resistência em discorrer sobre esse tema que tanto me fascina.
  • Décadas separam o lançamento dos dois filmes, igualmente décadas separam o lançamento do segundo filme até essa breve análise. Um tempo significativo os primeiros esboços desse texto ficaram registrados em minha agenda até que eu resolvesse dar um acabamento a eles.
  • Em minha agenda, esses esboços permaneceram misturados com as demais anotações do meu dia a dia, que se misturaram ao kaos social no qual os dois filmes estão inseridos.
  • Kaos semelhante permeia meu psiquismo na transição de um ser com tendências a tecer análises sociais a um outro que vaga em busca de uma formação psicanalítica.
  • Outro tempo de espera entre a revisão do texto e minha concordância com a sugestão de um colega no sentido de esboçar um teor psicanalítico ao artigo.
  • Não tenho dúvidas de que todos esses tempos se misturam nessa minha transição entre um eu apoiado em visões sociais para um eu embasado em teores psicanalíticos.
  • Fontes:
  • Blade Runner, o caçador de andróides
  • Estados Unidos, 1982
  • Direção: Ridley Scott
  • Metrópolis
  • Alemanha, 1927
  • Direção: Fritz Lang

Um comentário:

  1. É interessante como o geográfico, financeiro, histórico, social etc misturam-se misturando e permeando todos estes nossos eus e como estes autores vislumbram estas paisagens além do aqui e agora.

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