domingo, 26 de fevereiro de 2012

Máscaras.




Estava caminhando lentamente pelas ruas tomado por uma grande confusão,  me sentia ligeiramente tonto, com a dúvida se era um sonho ou se simplesmente sonhava acordado.

Havia um sem número de pessoas caminhando soltas, aparentemente felizes, com suas roupas multicoloridas e, curiosamente todas com máscaras esboçando sorrisos e cumplicidade.

A música de fundo se fazia ensurdecedora, impedindo qualquer comunicação que não fosse a gestual e todos caminhavam em compasso de forma que mesmo sem a fala todos se faziam entender.

À beira da avenida uma multidão embalada pela mesma música, também embebido em suas máscaras se deslumbravam frente a dança e harmonia daqueles que ocupavam o lugar de um palco que se desvelava no meio da avenida.

Lentamente fui-me dando conta, lembrava vagamente de ter ido dormir na noite anterior, mas não me recordava de que em algum momento tivesse acordado.

Aos poucos o ritmo e o volume da música foi-se abrandando, no mesmo compasso todos foram diminuindo a cadência de seus passos, na mesma proporção em que a música emudecia.

Cansados, transpirando, sentiam a necessidade de se livrarem do peso das roupas e das máscaras com as quais estavam envolvidos.

Um a um em um lento compasso foi desnudando o rosto da máscara que vestia.

Por traz de cada máscara, como a multidão que os envolvia na avenida, os rostos desnudos mostravam faces que fitavam o vazio tão sem personalidade quanto a multidão que há pouco os envolvia.

Sem sorrisos ou qualquer outra expressão, a avenida ficava para traz, agora desnudos de uma personalidade, que só os sorrisos das máscaras por uns poucos instantes tinham a capacidade de desenhar nas faces daqueles que por mais um ano voltariam a ser como a multidão que os assistia.

2 comentários:

  1. Muito lindo!!! Profundo, reflexivo e de muita sensibilidade.
    Seu texto é um dedilhar de emoções...

    Tenha uma noite linda
    Beijos!

    Marion

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